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 Novas tecnologias substituem o contato direto.  Temos Iphones, Ipods, Tablets, Notebooks e já estamos de olho naquele produto novo criado para nos aprisionar! Vivemos 24 horas por dia na internet. Somamos centenas de pessoas na lista de amigos, sendo que amigos mesmo temos 3 ou 4 - que nem acesso a rede tem. A modernização, hora ou outra, nos exclui da vida de muita gente. Era pra ser o contrário! Amigos de longa data já me trocaram por pessoas que nunca lhes darão um abraço real; que não compartilham das mesmas memórias de infância; que nunca ficaram - e nem ficarão - na dúvida se deveriam falar umas verdades ou seguir em silêncio a fim de não perderem o amigo; que nunca sorriram - e nem vão - daquelas frases tolas que a gente diz quando tem intimidade; que nunca vão evitar a troca de olhares por saberem que, uma vez que se comunicam sem o som, podem saltar aquela gargalhada incontrolada no momento inoportuno...

     Sabe, fico pensando se sou eu essa pessoa vulnerável que não vale a pena ser levada adiante ou se as coisas mudaram a ponto de fatos assim serem vistos com naturalidade? Vejo a materialização de uma geração ingrata. Que mata o passado da gente com um simples "detelar". E ainda esvazia a lixeira! Não há registro nosso. Não estamos contidos em posts ou lugar algum. Deixa-nos esquecidos, perdendo a cor naquela foto mofada na caixa de sapato. Geração que não perdoa uma falha sequer. Que simplesmente nos substitui por outros três ou quatro - que serão substituídos em breve! -, mas que jamais achará nos outros a cumplicidade que havia em nós.

     Decidiu cortar os laços e seguir nessa felicidade de mentira criada no mundo virtual. Decidiu amar coisas e usar pessoas. E a gente decide, por isso, deixar de ser usado e seguir em frente.  

    Sabe, sinto falta de algumas pessoas e me recuso a substituí-las, embora já não haja espaço e nem vontade que as mesmas retornem. 

     Aos poucos as imagens vão sumindo das fotos. Fica só um borrão indecifrável. 

     Aos poucos as peças já não se encaixam mais.

   Aos poucos a gente já nem dá importância pra isso, mas sabe que perdeu um amigo porque a linguagem começa a ser formal.

     Foi alguém que a gente perdeu em vida...  Seria essa a primeira morte?       



Carol Rocha - Jornalista

3 comentários:

  1. A revolução que busca tomar o poder sucumbe ao poder...”
    “...”Velhas coisas” reaparecem neste mundo da novidade virtual: enquanto se promete acabar com hierarquias e chefias estas retornam sob outras roupagens...”

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  2. ''A revolução que busca tomar o poder sucumbe ao poder...”
    “...”Velhas coisas” reaparecem neste mundo da novidade virtual: enquanto se promete acabar com hierarquias e chefias estas retornam sob outras roupagens...”

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  3. Obrigada pela sua contribuição, Rodrigo Gaspar. (h)

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